Por insistir no jeitinho, querendo levar vantagem em tudo, deixando-nos o Criador por isso abandonados à dureza dos nossos corações, seguindo nossos caprichos, e seremos novamente servidos de Lula


09.05.2017 -

n/d

Por Airton Vieira ([email protected])

Pegando o gancho estilístico de um amigo articulista, permitam-me iniciar assim: não sou teólogo, nem filósofo. Sociólogo, cientista político ou futurólogo. Mas apesar da miopia possuo um par de lentes que ainda não venceram, o que me dá alguma visibilidade. Assim sendo, vamos ao que interessa.

Recentemente o ex presidente [que como todo bom socialista ao tempo em que vocifera contra coisas como a Monarquia (a “burguesia”) é simpático à coisas como o poder vitalício; quando convém] fez um novo discurso a seu partido, com direito a ex presidentes socialistas como ele e uma já tentativa de canonização extra ecclesiam da defunta esposa. Ou ao menos de sua iconização[1]. Não fosse ter feito em seu discurso uso da metafísica, acabando por citar o diabo e tudo o mais, não daríamos a Cesar o que é de Deus, pois sabemos que nas bocas socialistas a metafísica tanto quanto a Igreja possuem serventia alegoricamente política, ou politicamente alegórica. Mas como o mote deu ensejo a algumas ideias, aqui estou. Vamos então “aos números” para sucintamente provar com base em nossas – dos católicos – autoridades verdadeiramente competentes, as Escrituras, a Tradição e o Magistério, por que Luiz Inácio Lula da Silva será novamente presidente; para acabar com ilusões. Ou então (sem pretensões megalomaníacas) ajudar ao povo a dar marcha ré e, ao invés dos sodomitas imitar os ninivitas. A esperança é a última que morre, em que pese a nossa já estar pronta a receber a Extrema Unção.

De um lado: Igreja e Estado “de mal” há mais de uma centúria, desde que os maçons esses distintos cozinheiros da carne alheia derrubaram a Monarquia [cabe recordar que novamente um deles se faz chef tampão de nossa Cozinha Pau-Brasilis]. Graças a este divórcio, leis de divórcio, aborto, eutanásia, liberalização de drogas, “casamento” gay (sempre entre aspas, do contrário é faltar com a verdade e a justiça; ou ceder aos caprichos da ideologia linguística) e essa parafernália toda eclodindo, e explodindo.

Some-se a isto o emburrecimento e a idiotização desde a mais tenra idade, já completamente instalada a política do “você finge que ensina e eu finjo que aprendo”[2]. Acrescente-se a isto o “jeitinho brasileiro” provando que se a corrupção grassa em nossas três empoderadas esferas é porque antes “meu povo assim o quis”[3]. Adicione a tomada de poder [não por falta de aviso[4]] há um bom tempo por parte dos comunistas travestidos de socialismo, ou vice-versa. Sobreponha agora os programas de auditório e as novelas “da globo” (plural genérico), sem mencionar os nefastos desenhos “infantis”, e apresentadoras “infantis”. Ajunte-se a isso políticos (governantes, deputados, senadores, magistrados…) marcando uma presença-aval a templos-farsas, pois que são o que não são: templos e representantes.

Sem contar em parlamentares que só parlamentam, magistrados que ainda não aprenderam a diferenciar gente de coisa e executores que, bem, dispensam comentários. Acresça uma (boa) pitada de intelectuais (muito ou nem tanto) inteligentes dizendo às gentes o que fazer, “fazendo escola”, desimbecilizando imbecis mas com o detalhe de um verniz católico que não vai além de verniz ainda que bem colocado, o que vem de mãos dadas com a apostasia generalizada que assola. [sempre ao gosto dos chefs] Ponha-se agora uma boa dose de panis et circenses: de sertanejo a “notícias do dia”, de futebol a ídolos, de pastores de auditório a prelados shows. Por fim, dê, em nome das equivocadas liberdade de expressão e de culto, o direito aos hereges (intra e extra Ecclesiae) de fazer o que der na venta com o Culto e a Hóstia Santos, o que há de mais sagrado no mundo. E temos os ingredientes.

De outro (para ficar com uma de cada):

Das Escrituras: Escuta, ó povo, a minha advertência: Possas tu me ouvir, ó Israel! Não haja em teu meio um deus estranho; nem adores jamais o deus de outro povo. Sou eu, o Senhor, teu Deus, eu que te retirei do Egito; basta abrires a boca e te satisfarei. No entanto, meu povo não ouviu a minha voz, Israel não me quis obedecer. Por isso, os abandonei à dureza de seus corações. Deixei-os que seguissem seus caprichos. (Sl 80, 9-13)

Da Tradição: (…) Se um povo for de boa moderação, grave e guarda diligentíssimo da utilidade comum, a lei é justamente feita para que a tal povo seja lícito estabelecer os seus magistrados, que administrem a república. Mas se, depravado esse povo paulatinamente, venha a tornar venal o seu sufrágio e entregar o governo a homens flagiciosos e celerados, é justo cassar-lhe o poder de distribuir as honras, e transferi-lo ao arbítrio de uns poucos bons. (S. Tomás de Aquino – Infra, q. 104, a. 3, ad 2; Ad. Galat., cap. I, lect. II. V Ethic., lect. XII).

Do Magistério: A quem quer regenerar uma sociedade qualquer em decadência, se prescreve com razão que a reconduza às suas origens (24). Porque a perfeição de toda a sociedade consiste em prosseguir e atingir o fim para o qual foi fundada, de modo que todos os movimentos e todos os actos da vida social nasçam do mesmo princípio de onde nasceu a sociedade. Por isso, afastar-se do fim é caminhar para a morte, e voltar a ele é readquirir a vida. (Leão XIII – Rerum Novarum)

E temos as receitas.

O Brasil, por primeiro, há muito se afastou do fim último, vivendo em nítida e carnavalesca decadência. Por segundo, há muito vem sendo conduzido por homens flagiciosos e celerados, ao tempo em que o povo, mais preocupado com o final da novela ou o resultado do jogo do bicho. Por terceiro – pior –, já não mais deseja ou dá ouvidos à verdade, posto que não ouviu a minha voz… não me quis obedecer, se lambuzando nas mil e uma seitas e falsas religiões (incluso o ateísmo) que acabaram por coroar o apodo brasileiro de “católica” com uma permanente aspas.

A conclusão logicamente realista do acima exposto é uma, desmembrada: por insistir no “jeitinho”, querendo “levar vantagem em tudo”, deixando-nos o Criador por isso abandonados à dureza dos nossos corações, seguindo nossos caprichos, e seremos novamente servidos de Lula. No café, almoço e jantar. De segunda a segunda. A não ser que aprendamos com o profeta e o grande peixe que o abocanhou. Ainda há tempo. Mas pouco.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, rogai por nós!

Em 08 de maio do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2017.

AirtonVieira

Notas

[1] Vide banner do recente congresso do PT.

[2] Expressão extraída do livro homônimo de Hamilton Werneck. Ed Vozes.

[3] Jer 5, 23-31.

[4] Ver em resumo aqui: http://www.padremarcelotenorio.com/2013/06/nossa-senhora-aparece-em-pernambuco-comunismo-o-sangue-que-inundara-o-brasil

Fonte: Sensus Fidei

 


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