Padre casa, se divorcia e Vaticano aprova sua volta à igreja no Piauí


16.04.2014 

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Padre deixou a batina, se casou e voltou para a igreja após 11 anos.
Pároco se apaixonou por fiel, casou e vivia como professor de filosofia.

O padre Francisco José Cabrini, de 45 anos, realizou seu sonho de infância aos 28 anos quando se ordenou padre da Igreja Católica no Piauí. No entanto, cinco anos depois conheceu uma mulher e após refletir muito resolveu pedir o seu afastamento total da igreja para se casar. O matrimônio realizado no Civil durou apenas cinco anos e o divórcio só saiu 11 anos depois. Cabrini resolveu voltar para igreja e pediu seu reordenamento como padre. O pedido foi aceito pelo colegiado de padres do Piauí e encaminhado ao Vaticano, em Roma. Nesta semana, depois de dois anos, a sede do poder católico o aceitou de volta como padre.

Francisco Cabrini nasceu na cidade de Demerval Lobão, a 31km de Teresina, e começou a ir às missas aos 11 anos, período que se tornou coroinha. “Sempre tive uma inclinação para o sacerdócio, ajudava o padre da paróquia, viajava para o interior. Quando terminei o ensino médio, resolvi entrar no seminário e lá passei sete anos até me formar padre. Depois de passar por várias igrejas do Piauí, fui enviado para a cidade de Água Branca, lá foi onde  ministrei missas por um período de cinco anos”, contou Cabrini.

Em Água Branca, foi onde o padre conheceu a mulher de 24 anos que viria a ser a sua futura esposa. “Conversávamos muito e devido a nossa proximidade, vi que poderia cometer algo. Por este motivo, resolvi antes pedir o meu afastamento. Não queria fazer nada escondido e muito menos manchar a imagem da igreja”, disse o padre.

Afastado, Cabrini passou a viver como uma pessoa comum e relata que seu primeiro emprego foi como professor de filosofia. “Era uma tendência natural já que sou formado em filosofia. Como não tinha recursos financeiros, consegui esse emprego em uma faculdade e comecei a me estabilizar financeiramente. Anos após, fiz um concurso da rede estadual de ensino e consegui passar”, relatou Francisco Cabrini.

Dois anos após deixar o altar da igreja, aos 33 anos Cabrini resolveu se casar com a mulher de 24 anos que havia conhecido. “O casamento começou bem, mas ao longo do tempo foi se desgastando e minha vontade de voltar à igreja falava mais alto. Por este motivo, acredito também que não tivemos filhos”, destacou Cabrini.

O casamento durou cinco anos, mas o divórcio do casal só aconteceu quatro anos depois, devido todos os tramites legais. “Ao todo foram nove anos, mas depois dos cinco anos de casamento civil, houve a separação de corpo, mas o divórcio só saiu quatro anos depois. Não nos casamos na igreja, porque como era padre a igreja não aceitava”, disse.

Segundo o padre, sua ex-mulher faleceu no ano de 2013, precocemente vítima de câncer, quando eles já estavam divorciados.

Após a separação, Cabrini decidiu pedir a sua reinserção na igreja católica. “Tinha saído derramando sangue e voltei me sentindo ainda mais preparado pela vida para o celibato, porque conheci a vida fora do seminário e sei de todos os seus problemas”, revelou.

Em 2012, o conjunto de padres da Igreja Católica do Piauí se reuniu para decidir se enviariam ao Vaticano o documento pedindo a renomeação de Cabrini. “Eles foram unânimes e enviaram o documento. Depois dos trâmites da igreja, o documento foi analisado pela Congregação do Clero no Vaticano e foi aceito o meu pedido. O documento chegou nesse mês de abril deste ano”, informou Cabrini.

Em Teresina, o anúncio oficial da volta do padre Cabrini à Igreja Católica aconteceu durante a missa de crima dos santos olhos. "Foi nessa missa que o Bispo me chamou ao altar e deu a notícia. Essa celebração é para os padres renovarem suas promessas sacerdotais", destacou Cabrini.

A última missa que o padre Cabrini realizou foi na igreja de Água Branca no dia 17 de novembro de 2002. “Já fui convidado para celebrar uma missa lá, será agora no dia 20 de abril de 2014. Sei que estão preparando umas festividades para me receber depois de doze anos, estou muito feliz”, disse.

Sobre os dogmas da igreja, como o celibato, o padre prefere não discutir, mas conta que se sente mais tranquilo e mais preparado para voltar a sua missão. “Foi difícil me adaptar à vida fora do celibato, mas consegui me inserir na sociedade e depois senti o vazio. Vi que era a hora de voltar. Foi uma situação terrena e como ser humano tendo meus pecados e limitações, só entende quem passa por uma situação como essa”, revela.

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Padre Cabrini e  Pe. Amadeu Matias no dia da renovação das promessas sacerdotais.

Padre Cabrini também considera que sua condição não afetou o trabalho que realizou e pretende voltar a fazer na igreja. “Quando saí, não houve tanta polêmica, as pessoas me respeitaram e compreenderam porque sabiam da minha honestidade, a minha família que não aceitou muito. Depois de me separar e resolver que queria voltar, me sinto muito acolhido pela comunidade e minha família ficou muito feliz”, destacou Cabrini.

Aos 45 anos, Cabrini hoje é o padre responsável pela comunidade pastoral da região da Vila do Avião, Zona Leste. Ele cuida da administração de três igrejas, tanto no aspecto econômico, quanto pastoral. O padre também é servidor público do estado e trabalha como técnico em uma gerência estadual de educação.

Fonte: G1

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