Padre Juan Manuel Rodríguez: Agora é o momento, o tempo da Misericórdia Divina, para preparar nossa vida com Deus, para santificá-la se vivemos em pecado. Grande risco, e grande absurdo, é viver no estado em que não queremos que a morte nos alcance


26.04.2018 -

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“Não digas: Pequei, e o que me aconteceu de mal?, pois o Senhor é lento para castigar (os crimes). A propósito de um pecado perdoado, não estejas sem temor, e não acrescentes pecado sobre pecado. Não digas: A misericórdia do Senhor é grande, ele terá piedade da multidão dos meus pecados, pois piedade e cólera são nele igualmente rápidas, e o seu furor visa aos pecadores. Não demores em te converteres ao Senhor, não adies de dia em dia, pois sua cólera virá de repente, e ele te perderá no dia do castigo”. (Eclo 5 4-9)

Padre Juan Manuel Rodriguez de la Rosa – Adelante la Fe | Tradução Sensus Fidei:

Queridos irmãos, o livro do Eclesiástico lembra aos que vivem despreocupados de sua vida de santidade pensando que a misericórdia de Deus é grande e perdoa todos os pecados, muito embora sendo misericordioso, Ele também castiga.

O livro segundo dos Macabeus (9,13) nos fala da oração que o malvado rei Antíoco Epifanes fez em seu leito de morte, reconhecendo que devia submeter-se a Deus, mas sua oração não foi agradável a Deus: E orava o malvado ao Senhor, de quem não havia de alcançar misericórdia. Não porque faltara a Deus misericórdia, mas porque faltava ao pecador a verdadeira disposição para recebê-la: porque os propósitos deste rei iníquo nasciam de um puro temor servil, como se tentasse enganar o Senhor com sua falsa oração, como enganava seus súditos.

O Eclesiástico nos diz que não devemos nos esquecer do pecado já perdoado, por quê? Porque pode ocorrer que no final de nossa vida nos arrependamos de não ter purgado suficientemente aquele pecado.

Queridos irmãos, no fim de nossa vida, quando soubermos que logo o Senhor nos chamará, três coisas nos afligirão muito: a recordação do passado, ter que deixar as coisas presentes e o temor de dar conta de nossa vida.

A recordação do passado

Não vivamos alegremente pensando que nossa ações não serão julgadas; não poderemos deixar de lamentar por nossa tibieza no serviço de Deus e pela recordação daqueles pecados não devidamente purificados. Da recordação do gozo no pecado ficará a amargura da pena por tê-los cometido. Lemos no Salmo 74,9: Há na mão do Senhor uma taça de vinho espumante e aromático. Dela dá de beber. E até as fezes hão de esgotá-la; hão de sorvê-la os ímpios todos da terra. (Sl 74,9)

Virá a dolorosa lembrança de não ter frequentado os Santos Sacramentos, nem a oração; não ter correspondido às divinas inspirações; ter desprezado as penitências; não ter dado esmolas aos necessitados; não ter sido devoto dos santos. Possivelmente, no último momento, tentarei fazer grandes propósitos, os que não fiz enquanto podia, mas pode suceder o que aconteceu com o rei Antíoco.

A hora da morte é momento de grandes desenganos, porque julgarei todas as coisas de maneira diferente como as julgo agora. Vós, que temeis o Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa (Eclo 2,8). Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de alegria. (Eclo 2,9)

É lei ordinária: aquele que vive bem, bem morre e quem vive muito mal, raramente sucede morrer bem. Viver bem, ou seja, no temor de Deus e em Sua Lei Divina: Aquele que teme a Deus praticará o bem. Aquele que exerce a justiça possuirá a sabedoria. (Eclo 15,1)

Deixar as coisas presentes

Grande será a dor de nos desprendermos das coisas às quais estivemos rodeados durante toda a vida. Nada poderei levar comigo. Ó morte, como tua lembrança é amarga para o homem que vive em paz no meio de seus bens (Eclo 41,1). Se aquilo que obtivemos nós o conseguimos cometendo pecado, maior será a amargura em desprender-se; assim estará disposto para a divina justiça de Deus, que aquilo que era instrumento de vício e prazer da vida, converter-se-á em tormento na hora da morte. Cumprir-se-á o escrito no livro de Jó (20 14-16) do pecador: Esse alimento se transformará em suas entranhas, e se converterá interiormente em fel de áspides. Vomitará as riquezas que engoliu; Deus as fará sair-lhe do ventre. Sugava o veneno de áspides, a língua da víbora o matará. (Jo 20, 14-16)

Será doloroso, também, deixar os seres queridos, pois não se deixa sem dor o que se possui com amor, e quanto maior é o amor para com o que se possui tanto maior dor sente-se em deixá-lo; imensa será a dor ao deixar tantas pessoas e coisas ligadas ao meu coração. Na verdade, a morte é por demais amarga! (1 Sam. 15, 32).

Temos de arrancar de nosso coração os amores desordenados e qualquer coisa ou pessoa que seja. Desta forma ganhamos pela mão a morte para não senti-la, para não sentir a despedida daqueles que tanto queremos. Um amor ordenado e santificado no Senhor será o meio para o desprendimento na paz de Deus. Não coloquemos em risco a salvação de nossa alma com amores pecaminosos. Devemos deixar de lado qualquer amor pecaminoso antes que me aparte de Deus. Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. (Mt 10,34). O Senhor veio para trazer espada e divisão na terra.

Temor de dar conta de nossa vida

O juízo divino é inevitável, e nossas ações serão julgadas. A sentença será eterna e sem remédio. Será definitiva e irrevogável, e se executará de forma imediata e sem resistência. Não terei segurança porquanto não terei a tranquilidade da verdadeira penitência que fiz por meus pecados. A incerteza de nosso destino a reflete o livro de Eclesiástico (9,1): Apliquei então meu espírito ao esclarecimento de tudo isso: os justos, os sábios e seus atos estão na mão de Deus. O homem ignora se isso será amor ou ódio. Tudo é possível. (Ecl 9,1). De nada me acusa a consciência; contudo, nem por isso sou justificado. Meu juiz é o Senhor. (1Cor 4,4)

Devemos ter sempre em mente a sagacidade e a astúcia do demônio, que naquela hora vem para tentar a alma com mais violência, vendo que lhe resta pouco tempo. Por isso alegrai-vos, ó céus, e todos que aí habitais. Mas, ó terra e mar, cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta. (Ap 12,12) O maligno agravará grandemente os pecados e exagerará o rigor da justiça divina contra eles. Recordará a alma das palavras da primeira carta de São Pedro (4,18): E, se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador? (1Pd 4,18) Se o Senhor não limita o poder do demônio naquela hora, quantas falsas imaginações e acusações enlearão a alma.

Queridos irmão, devemos nos prevenir para o momento da morte. E o fazemos quando nela pensarmos seriamente.

Se a morte me levasse agora, o que me causaria mais temor

Talvez alguém possa pensar que não sentiria medo, que isso seria impróprio para quem acredita na misericórdia de Deus. Mas o livro do Eclesiástico nos previne: Não digas: A misericórdia do Senhor é grande, ele terá piedade da multidão dos meus pecados. Por sua vez, não podemos saber sobre a ação do maligno em nossa alma. Grande irresponsabilidade é a falsa segurança, desprezando o temor de Deus.

Agora é o momento, o tempo da misericórdia divina, para preparar nossa vida com Deus, para santificá-la se vivemos em pecado. Grande risco, e grande absurdo, é viver no estado em que não queremos que a morte nos alcance.

Voltemo-nos à Santíssima Virgem Maria, aos Santos, ao Anjo da Guarda; voltemo-nos para os Sacramentos, a oração, as penitências, porque é em vida que se negocia o auxílio que no último momento esperamos receber.

Ave María Purísima.

Pe. Juan Manuel Rodríguez de la Rosa

Publicado originalmente: Adelante la Fe – Si ahora me cogiese la muerte

Fonte: www.sensusfidei.com.br  via  www.rainhamaria.com.br

 

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