Um Padre desabafa: "Querem-nos casar à força!"


14.02.2020 -

n/d

Querem-nos casar à força! Graças a Deus, a hipótese que estava em cima da mesa seria a de aceitar homens casados para a Ordenação e não o que muitos pensam (e até, sei lá porquê, queriam!) de permitir que os Padres se casem.

Também eu desejei casar e ter filhos. Mas Deus concedeu-me este dom que é o celibato. Insisto: é um DOM. O celibato não é fruto de um esforço inumano, desumano ou super-humano. É um dom de Deus a acolher, a cuidar e a rezar!

A Igreja (especialmente a latina) ao longo dos tempos tem percebido que este dom é de grande ajuda para que os seus Padres sejam mais claramente sinal da realidade do Céu, para a qual todos somos chamados a caminhar. Mas se se perde o horizonte, perde-se a razão. Se o Padre deixa de ser sinal da vida futura e é apenas uma profissão como qualquer outra neste mundo, então porque não podem ser casados? A pergunta é claramente pertinente.

Com a contínua perda do conceito sagrado de vocação (de modo especial da vocação sacerdotal), perdeu-se a noção do plano de Deus. Hoje tudo se escolhe segundo critérios que, por vezes, de divinos nada têm.

Vivemos um tempo de crise familiar (acima de tudo conjugal), porque se deixou de ver a vida como vocação, o Matrimónio como vocação (e também o Sacerdócio). Vocação entendida como um chamamento de Deus a uma vida de amor que é o seu próprio Amor (Caridade) a caminho do Céu e da plena comunhão na Caridade.

Ao perder-se isto, perde-se noção de toda a vida cristã e, então, já nada nos distingue do resto do mundo. Ao esquecer-se a Caridade (que é o maior fruto do Espírito Santo, e, por isso, sinal de uma vida espiritual incarnada), resta apenas a moralidade, ou, pior, o moralismo.

Com a crise familiar em que estamos e com a crise de espiritualidade que vivemos, será um risco enorme para as pessoas envolvidas (marido, mulher e filhos) e para a Igreja (latina e ocidental) permitir a ordenação a homens casados.

Na experiência recente de conferir o diaconado permanente a homens casados, têm-se assistido a problemas familiares, que seria bom serem bem avaliados antes de se dar esse passo. Infelizmente, não estou a falar de cor!

À imitação de S. Paulo, permiti que fale como um louco ao terminar este texto. Olhando para a realidade da Igreja como está, se eu amasse verdadeiramente a minha hipotética mulher e os meus hipotéticos filhos, nunca pediria o sacerdócio. Coitados deles! O povo de Deus sabe ser cruel. Como seria eu capaz de ouvir falar mal ou ver tratar mal aqueles que amasse assim? Eu nunca seria capaz de deixar que a minha hipotética mulher e os meus hipotéticos filhos fossem sujeitos aos impropérios, calúnias, maledicências a que eu estou sujeito!

Querem-nos casar à força! Mas eu, querendo ser Padre, por força do amor, nunca casaria!

Dominus nos benedicat, et ab omni malo defendat, et ad vitam perducat aeternam. Amen.

Um Padre

Fonte: senzapagare.blogspot.com  via  sinaisdoreino.com.br

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 Nota de www.rainhamaria.com.br

Sobre o celibato, vamos lembrar...

O Papa Paulo VI afirmou: “O celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor mesmo nos nossos tempos, caracterizados por transformação profunda na mentalidade e nas estruturas” (Carta Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, nº 01).

“A verdadeira e profunda razão do celibato é, como já dissemos, a escolha duma relação pessoal mais íntima e completa com o mistério de Cristo e da Igreja, em prol da humanidade inteira. Nesta escolha há lugar, sem dúvida, para a expressão dos valores supremos e humanos no grau mais elevado” (Carta Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, nº 54).

O Catecismo da Igreja Católica assim nos diz: “Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e querem guardar o celibato ‘por causa do Reino dos Céus’ (Mt 19,12). Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a ‘cuidar das coisas do Senhor’, entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus” (§1579).

Dizia São João Maria Vianney: “Quando um cristão avista um padre deve pensar em Nosso Senhor Jesus Cristo”. E ainda: “Se a Igreja não tivesse o sacramento da ordem, não teríamos entre nós Jesus Cristo”.

 

Veja também...

Por que o celibato é tão valioso? Sacerdote explica três razões fundamentais

 


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